equ.idade

hoje libertei as pernas e fui caminhar. levei parceria de conversa porque debater temas e inquirir sobre o nada também é bom de se fazer. 

por nós passaram duas crianças: uma na bicicleta e uma numa trotinete. decidiram fazer um, dois, três, partida e ver quem chegava primeiro.

a da trotinete esforçava-se como podia, enquanto gritava que não era justo.

desejei ter poderes mágicos e parar o tempo e explicar àquela criança que, efetivamente, aquilo não era justo e que ainda estava no início da sua jornada, onde ia apanhar mais situações injustas e como poderia defender-se. 

o mundo poderia ser mais empático e um cantinho melhor do universo se ensinássemos às crianças a dizer "a tua bicicleta é mais rápida que a minha trotinete, por isso, as nossas condições não são iguais. e se em vez de fazermos uma competição, andarmos lado a lado a cantar músicas do justin bieber?" (ou de outro cantor qualquer vá, não julgo). 

um amigo meu, adulto de trinta e um anos, disse-me, num dos nossos passeios junto ao rio, que não percebia a equidade. eu expliquei com um exemplo prático: tu medes 180cm e eu meço 167cm. Se tivermos de ver os barcos que estão atrás desta parede, tu precisas de uma escada com três degraus e eu preciso de uma com dez degraus. a igualdade está na oportunidade de ambos vermos os barcos e usarmos a escada. a equidade está no número de degraus devido à nossa diferença de alturas.

ele respondeu: mas isso não é justo para mim.

e se em criança lhe tivessem ensinado que a equidade é justa para todos e que não devemos olhar só para o nosso umbigo? o que teria sido do argumento do meu amigo, se em criança ele tivesse ido buscar a sua bicicleta com rodinhas a casa e fizesse o um, dois, três, partida?

eu continuo sem perceber onde é que ele viu que não seria justo para ele, mas isso já é problema meu.