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A mostrar mensagens de janeiro, 2022

questões, só questões

o pôr do sol estava bonito ontem, da perspetiva da cadeira da esplanada na praia onde me sentei. o café estava quente, quase (quase) tocava na alma, forte como deve ser, o cachecol aquecia o pescoço. estava bonito o mundo, ontem.  - (...) que eu sou cavalheiro. abanei a cabeça e lembrei-me que não estava sozinha com o café. senti uma pontada de vergonha por não estar a ouvir quem estava comigo, por estar a admirar o pôr do sol com o café nas mãos. - como assim?  - então, sou um cavalheiro. pousei o café que esta conversa não ia terminar bem. lá se foi a minha vergonha. - está bem, eu isso ouvi. mas isso significa o quê nos dias de hoje? - lá estás tu com o teu feminismo. - bufou. portanto, eu fiquei com o café frio, o cachecol já me estava a esganar o pescoço, o sol pôs-se e ficou frio e eu fiquei sem resposta à minha pergunta de esclarecimento. está certo. pode ser que o mundo hoje esteja melhor.

conclusões de ontem

ontem foi dia do obrigado e eu esqueci de mandar um ramo de flores e um cá-beijinho de agradecimento ao rei dos portões do inferno por ter recebido tantas pessoas que para lá mandei. que foi? é um lugar quentinho.

(mais) desejos para 2022

"oh, eu disse da boca para fora" outro meu desejo para 2022 é que esta frase deixe de ser aceite como desculpa razoável para não medir as palavras que se diz ao outro. Como se o estado de euforia emotiva ou de cólera fosse justificação suficiente para não ter limites no que se diz e se ignorar os sentimentos do outro. em bem sei que se apregoa desde sempre que as ações é que importam e não as palavras, no entanto, não vamos descurar que as palavras têm o poder de destruir (ou fazer uma mossa muito grande) o outro. afinal, o I have a dream perpetua até hoje.

dos debates de hoje.

 - e essa liberdade de garantir que todos são felizes (...) é muito importante. As sociedades evoluem.  até bati palmas cá em casa, lancei foguetes e levantei o copo de gin.

equ.idade

hoje libertei as pernas e fui caminhar. levei parceria de conversa porque debater temas e inquirir sobre o nada também é bom de se fazer.  por nós passaram duas crianças: uma na bicicleta e uma numa trotinete. decidiram fazer um, dois, três, partida e ver quem chegava primeiro. a da trotinete esforçava-se como podia, enquanto gritava que não era justo. desejei ter poderes mágicos e parar o tempo e explicar àquela criança que, efetivamente, aquilo não era justo e que ainda estava no início da sua jornada, onde ia apanhar mais situações injustas e como poderia defender-se.  o mundo poderia ser mais empático e um cantinho melhor do universo se ensinássemos às crianças a dizer "a tua bicicleta é mais rápida que a minha trotinete, por isso, as nossas condições não são iguais. e se em vez de fazermos uma competição, andarmos lado a lado a cantar músicas do justin bieber?" (ou de outro cantor qualquer vá, não julgo).  um amigo meu, adulto de trinta e um anos, disse-me, num dos nosso

gala(nteios)

ele tocou à campainha e a tia bateu palmas enquanto corria para abrir o portão. com esta pandemia já não o via há mais de um ano e as saudades não se matam com um portão no meio. apertou-lhe a bochecha impecavelmente barbeada, enquanto ao mesmo tempo o inspecionava da cabeça aos pés. - estás mais magrinho, filho. Anda cá que eu fiz o assado como tu gostas tanto. Vens sozinho? - venho, tia.  - ainda não arranjaste uma namorada? Pois, fazes tu bem, tens tempo para escolher bem que ainda só tens quarenta anos. O teu tio de França também só assentou aos quarenta e seis e é vê-lo feliz. Vocês são todos uns galãs, esta família só tem galãs e homens bonitos. ela tocou à campainha e a tia tornou a bater palmas entusiasmada enquanto corria para abrir o portão. com esta pandemia já não via a sobrinha há mais de um ano e não se dava com as tecnologias para fazer videochamadas. apertou-lhe a bochecha e remexeu no seu longo cabelo preto impecavelmente tratado. - estás mais gordinha, filha. andaste

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 - estou a ver-te sempre a escrever. - sim, gosto de o fazer. - e sobre o que escreves tanto?  - sobre ti, neste momento. - a sério? E o que escreves? - pontos finais. que nunca se subestime o poder da pontuação. Ponto final, parágrafo é uma lei universal.

portanto,

a ver se eu percebo bem, que eu até fico com sinapses a falhar quando ouço estas coisas. se um homem tem um cargo de chefia e é arrogante e/ou exigente, é um bom chefe. se uma mulher tem um cargo de chefia e é arrogante e/ou exigente, é mal amada. é isto?

é, não é?

basicamente, de forma muito resumida, aquilo que o outro quer dizer quando vai à televisão é qualquer coisa como "o trabalho liberta", não é? tal como o outro tinha em cima de uns certos portões, lá no outro país da europa.

desejos para 2022

que este ano seja o ano 1 em que começamos a educar os nossos filhos para se comportarem como pessoas e não para se comportarem como meninas e meninos. make a wish.

coisas que eu ouço em 2022

 sim, em 2022 este diálogo existiu numa mesa onde um grupo de amigos estava sentado num leve convívio. Até que acontece este diálogo: Pessoa A pergunta ao meu amigo: não queres ter filhos? Amigo: não. Pessoa A responde: está bem. Pessoa A pergunta-me: não queres ter filhos? Eu: não. Pessoa A: ainda tens tempo para mudar de ideias. Pessoa B: não tens muito tempo, que já tens 32 anos. Pessoa C: oh, isso dizes tu agora que terminaste uma relação há pouco tempo. Pessoa D: se não tiveres filhos, podes arrepender-te quando fores mais velha. Pessoa E: e se o teu próximo namorado quiser ter filhos? Pessoas, onde está a resposta está bem que deram ao meu amigo? Obrigadinha, sim?

dos debates, outra vez

será que até Buda, em todo o seu estado zen, conseguia manter a educação que seus pais lhe deram se estivesse num frente a frente com o Chega?  meus amigos, tarefa de Hércules não largar um foda-se, cala-te bem largado ali no meio da apresentação de notícias de 2016, tipo apresentação do trabalho sobre os Maias na escola secundária. 

ser ou não ser feminista?

Não és feminista se: - achas que as mulheres se devem vestir de determinada maneira e pensas, por um segundo que seja, que se elas foram assediadas é porque estavam a pedi-las, assim vestidas. - achas que as mulheres devem ficar em casa a cuidar dos filhos porque foram biologicamente programadas para isso e são mais sensíveis que os homens. - achas que existe equidade e igualdade de oportunidades nesta sociedade (e neste mundo) entre homens e mulheres. - achas que uma mulher no meio de um grupo de homens desconhecido se vai sentir tão à vontade como um homem no meio de um grupo de mulheres desconhecidas. - achas que tens direito a opinar sobre as escolhas que os outros fazem para a sua vida. - achas que as mulheres não mudam de lado na rua quando um grupo de homens vem na direção oposta. - achas que as mulheres caminham à noite seguras e sozinhas. - achas que as mulheres são promovidas de igual forma que os homens. - achas que há tantas mulheres em cargos de gestão como os homens. - ac

ajudem uma alma, por favor

alguém me explica, mas devagar e com calma para eu absorver a informação e tentar perceber o melhor possível, como ouvem o cabeça de lista do chega a falar e pensam "sim senhor, é isto mesmo que Portugal precisa"? mas devagar, por favor, que receio ter dificuldades gigantes de compreensão nesta matéria.

desejos

cresci (crescemos?) com a ideia e a noção de que no aniversário e na virada do ano podemos e devemos pedir desejos. Eu sempre os pedi, na verdade. Nem todos se concretizaram, mas fica o simbolismo. Percebi que concretizar desejos tem tanto de sorte como tem de trabalho. nesta virada do ano não pedi muitos, pedi muitas vezes o mesmo. Aprendi, o ano passado, que muitos desejos e planos eu achei que os tinha posto em cima de cimento e, afinal, coloquei-os, sem saber, em cima de castelos de areia. Bastou uma onda. Uma. Foda-se. nesta volta ao sol nova, na entrada de um número de anos diferente, os meus desejos foram diferentes. Eu sou uma pessoa diferente. Continuo a mesma impaciente, intolerante com preconceitos e machismos. Continuo a sonhar com um mundo cor-de-rosa e vermelho e amarelo e azul e... Mas tenho novos limites e escolho, agora, virar costas e libertar-me do que já não me encaixa. se não me acrescenta, eu não quero. se não me arrepia a espinha, eu não quero. se não me estimula

dos debates

 Ora, onde é que eu me inscrevo para ser subsidiodependente? Ouvi dizer, na televisão, que eles andam de mercedes e esse carro agrada-me.

apresentações

 Sou uma pessoa impaciente. Há muita coisa que me tira a paciência e me dá vontade de praguejar baixinho (às vezes, mas só às vezes, sai bem alto porque, pronto, libertação de energia), nomeadamente pessoas. As pessoas irritam-me, no geral. Sinto que isto é algo muito feio de dizer, que apontam o dedo (e apontam!) porque ai-que-coisa-feia-de-se-dizer-vais-acabar-sozinha, mas é verdade. As pessoas, no geral, irritam-me. A saber: Pessoas que votam Chega. Pessoas que dizem "eu não voto Chega, mas...". Pessoas que dizem que a homossexualidade lhes faz confusão (bebe chá que passa). Pessoas que dizem para as outras pessoas irem para a terra delas (mesmo que seja Salvaterra de Magos?). Pessoas que ouvem sim quando é não . Pessoas que ouvem convence-me quando é não . Pessoas que dizem "com o tempo mudas de opinião" quando digo que não quero ter filhos. Pessoas que dizem runião . Pessoas que dizem tefonar . Pessoas que têm opinião sobre o aborto e casamento homossexual (t

o início

Hoje é o dia. Hoje faço anos e o dia de aniversário é sempre um dia de virada, de deixar para trás o que não nos serve ou o que já não queremos levar connosco, de limpar a alma. Hoje quero deixar um foda-se bem alto e siga para bingo. Este é o meu espaço, onde escrevo sobre o que me apetece sem filtros nem floreados, porque assim é a vida também: nua, crua, sem filtros e sem floreados. Com muitas surpresas e muitos palavrões porque eles tornam o mundo mais leve.